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Informalidade no mercado de trabalho atinge 1,8 milhão de gaúchos no primeiro trimestre

Números do Boletim de Trabalho do RS já consideram os primeiros efeitos da pandemia do coronavírus



Data da Publicação da Notícia : 21/07/2020 09:58 por Secom/RS

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A taxa de informalidade no mercado de trabalho chegou a 33% da população ocupada do Rio Grande do Sul no primeiro trimestre de 2020, atingindo 1,843 milhão de pessoas. Na comparação com o quarto trimestre de 2019, a queda foi de 5,3%, ou seja, 104 mil pessoas que estavam na informalidade ficaram desempregadas ou desistiram de procurar trabalho no período. Quando levado em conta o primeiro trimestre de 2019, a queda geral ainda se mantém, mas em menor intensidade (-64 mil pessoas).

Esses são alguns dos apontamentos do Boletim de Trabalho, divulgado nesta terça-feira (21/7) pelo Departamento de Economia e Estatística (DEE), vinculado à Secretaria de Planejamento, Governança e Gestão (SPGG). O documento, dividido em duas seções, tem ênfase nos dados da informalidade e na evolução dos empregos formais por região do Estado e foi elaborado com dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua/IBGE) e da Relação Anual de Informações Sociais (Rais). De acordo com os pesquisadores Guilherme Xavier Sobrinho e Raul Bastos, os resultados já mostram os primeiros impactos das restrições impostas pela Covid-19 no Estado.

grafico informalidade taxas jul 2020


No mercado informal, a categoria dos Trabalhadores por Conta Própria sem Registro no CNPJ, que engloba, por exemplo, atividades como autônomos em geral e do comércio de ambulantes, registrou queda de 52 mil pessoas ocupadas na comparação com o quarto trimestre de 2019, seguida dos Empregados Sem Carteira Assinada, com menos 32 mil pessoas ocupadas na mesma comparação temporal. Por gênero, a queda total entre os homens foi de 5,7% (menos 62 mil pessoas) e das mulheres chegou a 4,9% (menos 42 mil ocupadas).

"Ainda que a redução da taxa de informalidade represente uma mudança modesta na composição da ocupação total do Estado, trata-se de um indício que vai ao encontro da ideia de que os informais estão sendo mais atingidos pela contração da atividade econômica que ocorreu no primeiro trimestre de 2020, causada pela pandemia do coronavírus, uma vez que perderam peso relativo na ocupação total do Rio Grande do Sul", destaca Raul Bastos.

Força de trabalho, ocupação, desemprego e rendimentos

A queda no número de informais no mercado de trabalho não é o único aspecto que se destaca no trimestre no Estado. A Força de Trabalho (FT) do Rio Grande do Sul, que mostra o número de pessoas empregadas ou em busca de emprego, chegou a 6,083 milhões de pessoas, 86 mil a menos do que no quarto trimestre de 2019, a segunda maior queda entre trimestres consecutivos da série da PNAD Contínua, iniciada em 2012.

O nível de ocupação – que é o percentual de pessoas ocupadas em relação às pessoas em idade de trabalhar – atingiu 58,3% no Estado nos três primeiros meses do ano e também interrompeu a trajetória de recuperação iniciada no terceiro trimestre de 2018. No quarto trimestre de 2019 o percentual atingiu 60%, o que representou uma queda de 149 mil pessoas no contingente de ocupados no Estado.

O boletim mostra ainda que a taxa de desemprego no Rio Grande do Sul no primeiro trimestre de 2020 representou 8,3% da população economicamente ativa, contra 7,1% do quarto trimestre de 2019 e 8% no primeiro trimestre do ano anterior – no Brasil, a taxa chegou a 12,2% no período. Considerando o mercado formal e o informal, 504 mil pessoas estavam desempregadas no primeiro trimestre do ano.

Quanto ao rendimento das pessoas ocupadas, o valor médio mensal permaneceu praticamente estável na comparação com o trimestre anterior (R$ 2.517 contra R$ 2.534)

Emprego formal por região do RS

 

mapars regioesemprego jul 2020

 

A segunda parte do Boletim de Trabalho destaca a evolução do emprego formal no Rio Grande do Sul entre 2004 e 2018. A análise divide o Estado em nove Regiões Funcionais (RFs), subdivisão usada pelo Poder Executivo para fins de planejamento.

Entre os empregos formais registrados na Rais em 2018, a RF1, que engloba Porto Alegre e Região Metropolitana, concentrava 47,5% dos vínculos no Estado, seguido da RF3, da Serra, com 13,3%, e da RF9, que engloba o Norte do RS, com 8,6%. Juntas, as três regiões tinham 69,4% do emprego gaúcho com vínculo formalizado. Na outra ponta do ranking está a RF4, do Litoral Norte, com 2,4% dos empregos formais.

De acordo com o boletim, ao longo dos 15 anos analisados o Estado registrou uma desconcentração na oferta de empregos formais. A região de Porto Alegre viu sua participação cair de 52,2% para os mais recentes 47,5%, enquanto todas as demais avançaram.

A queda na região da capital se deve especialmente à redução dos postos de trabalho na Indústria de Transformação (IT), que apresentaram crescimento em outras regiões do Estado. Em números absolutos, os empregos na IT na região de Porto Alegre tiveram redução de 13,2% (de 302.546 em 2004 para 262.635 em 2018). Por subsetor, a indústria de Calçados registrou a maior queda (-39,2%), seguida da Borracha, Fumo e Couros (-20,4%). No entanto, nestas áreas o estudo aponta que os empregos não foram absorvidos ou compensados em outras áreas do Estado.

No subsetor da Metalurgia, as vagas eliminadas na capital (-17,3%) contrastam com a variação positiva de oportunidades no total do Rio Grande do Sul (+1,4%), movimento similar ao visto na indústria Química (-12,8% na Região de Porto Alegre contra +8,8% no Estado).

Quanto aos salários, as remunerações na RF1 são as mais altas do Estado, mas, em 15 anos, a distância entre os valores pagos diminuiu. Em 2004, o salário médio na RF4, o mais baixo do Estado, era cerca de 45% inferior ao da área da Capital, enquanto em 2018 a diferença caiu para 36,5%.

“As nove regiões do Estado são muito heterogêneas, tanto do ponto de vista de extensão quanto de estrutura produtiva, tamanho populacional e número de municípios. A observação do movimento ao longo de 15 anos permite identificar alterações relevantes nas dinâmicas produtivas de cada um desses territórios”, avalia Guilherme Xavier Sobrinho.


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